quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Quando fui fazer a entrevista pra trabalhar na Empório Cultural a moça que me entrevistou disse uma coisa que me inquietou e que depois se mostrou mesmo verdade: comprar livros é uma coisa, vendê-los é outra completamente diferente.
Ficar seis horas de pé, volta e meia presa em enigmas que não fazem sentido nenhum, como o porquê da gramatura da folha de uma versão do livro do R. R. Martin ser diferente da outra, realmente não é o que eu elegeria a melhor coisa do mundo.
Descobri, em poucos dias, que sapato nenhum vai curar a dorzinha que eu sinto toda noite por ter ficado o dia todo em pé, subindo e descendo escadas. Não foi preciso muito tempo pra eu perceber que ninguém é obrigado a saber que ninguém é obrigado a saber de tudo, mas que a gentileza é a maior coisa que a gente pode sair fazendo aleatoriamente por aí por um mundo melhor.
E pensar negativamente sobre tudo isso me faz perceber também que, apesar de ter valido muito a pena, nos meus tempos de Jornalismo, acordar às 7 da manhã pra ter uma aula às 8 horas de mais ou menos 15 minutos e depois ter que esperar até duas e cinquenta pra ter outra aula também não era lá aquelas coisas. E que coisa nenhuma é totalmente boa e digna e impecável.
Mas o que mais me impressiona é a forma como as coisas rapidamente mudam de perspectiva. Hoje fui falar com a minha mãe sobre o que pretendo fazer com o meu dinheiro e ela me disse assim, meio de lado, enquanto fazia a farofa de peru: "você sempre quis, por que não vai pra França?". Foi um susto perceber que, sim, eu poderia mesmo ir pra França se me organizasse direitinho. E que, a partir daqui, a minha vida tinha se tornado uma outra coisa, uma coisa nova. 
Eu já tinha reparado que não ia mais precisar pedir o dinheiro do ônibus pro meu pai e que eu podia comprar a calça que eu bem entendesse desde que ela coubesse dentro do meu orçamento, mas ainda não tinha olhado pras proporções do que eu podia fazer com o meu dinheiro. E foi bem legal saber que, finalmente, vou poder tirar alguns dos meus sonhos da gaveta e poder torná-los um tiquinho mais real.
É, mãe, acho que França agora não, mas só porque tenho algumas coisas mais urgentes e palpáveis a fazer. Passar uma semana em Campo Grande pra rever algumas pessoas é uma delas. Visitar os meus avós e de quebra aceitar o convite de um amigo pra conhecer São Paulo é uma outra.
E meu coração sorri quando penso em todas essas coisas.
14h10
Todo rompimento é um choque e nada é mesmo muito fácil. Mas é a velha história do crepúsculo. Às vezes de um lado é só escuridão, mas se você vira a cabeça cento e oitenta graus, ainda existe sol, ainda existe luz. Pessoa, muito sabido, já tinha resumido isso há umas dezenas de anos atrás: "Deus ao mar o perigo e o abismo deu/ Mas nele é que espelhou o céu".
Não é engraçado, assim, tão de repente, as coisas fazerem tanto sentido? As coisas entraram mesmo em órbita ou foi só eu?

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